A pandemia da Covid-19 teve impacto significativo em diferentes setores da economia brasileira. Uma crise sem precedentes no século que fechou empresas e vem acumulando demissões desde o início do ano. Um dos únicos segmentos que apresentam projeção de crescimento em 2020 é o de produção de alimentos – 1,5% segundo estimativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Em entrevista exclusiva ao portal Brasil61.com, o secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Fernando Schwanke, avaliou como positivo o balanço do setor ao longo de sete meses da pandemia. Segundo Schwanke, as ações adotadas pela pasta desde o começo da crise sanitária foram fundamentais para minimizar os impactos da redução da atividade econômica.
“O Ministério da Agricultura, desde fevereiro, esteve atento e quando iniciou a pandemia, a ministra (Tereza Cristina) instalou um comitê de crise. Esse comitê passou a se reunir diariamente para fazer o monitoramento de como o setor primário iria se comportar frente ao que estava por vir. Algumas ações foram quase que imediatas. Mantivemos o Programa Nacional de Alimentação Escolar, mesmo com as escolas fechadas. São R$ 4 bilhões por ano na compra de alimentos e desse valor, 30% são diretos da agricultura familiar. Turbinamos o Programa de Aquisição de Alimentos e conseguimos R$ 500 milhões para injetarmos no programa. Também estabelecemos um protocolo, junto à Anvisa e ao Ministério da Saúde, para o funcionamento das feiras rurais”, diz.
Para o secretário, outra ação adotada pela pasta também teve impacto positivo no segmento da agricultura familiar e do cooperativismo. O ministério implementou o chamado “Disque Perda de Alimentos”. “Centralizamos o serviço em um número e recebemos em torno de 350 chamadas de todo o país. Quando deixamos perder uma produção que está pronta, na verdade todo mundo perde: o produtor, quem iria receber os alimentos e a economia local. Foi uma ação interessante e positiva. Também abrimos linhas de crédito para que os setores pudessem sobreviver”, explica.
Fernando Schwanke também comentou sobre as ações do Governo Federal para a ampliar a digitalização rural no Brasil. Segundo o secretário, há um grande projeto do Executivo, liderado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, com participação da Secretaria de Inovação do Mapa, de conectividade de produtores rurais.
O secretário reconheceu que há locais no Brasil em que há dificuldade de conectividade e acesso a ferramentas digitais. Nessa frente de atuação, o secretário explica sobre o programa de assistência técnica rural digital lançado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
“Agora em outubro lançamos o Ater Digital (Assistência Técnica e Extensão Rural Digital) justamente aproveitando esse momento para trazer isso à tona. Nós do ministério queremos fazer a governança desse processo inclusive das informações e do repasse dessas informações. Através da digitalização, podemos ter acesso a muita coisa que está dentro da Embrapa. Podemos ter acesso e distribuir essas informações aos agricultores do país de forma muito mais rápida. Na nossa opinião, a utilização das ferramentas digitais dentro das propriedades é uma tendência que veio para ficar e que deverá ser fortalecida nos próximos anos”, pontua.
Na avaliação do secretário, o setor de produção de alimentos sairá fortalecido da pandemia. Para Schwanke, a agricultura sempre é uma forma de reação econômica dos países. “Uma safra se faz em quatro, cinco meses, até menos. A velocidade da agricultura também é a velocidade da reação. Não tenho dúvida de que a imagem do setor, da parte de produção de alimentos e das cadeias curtas de fornecimento de alimentos, sai extremamente fortalecida da pandemia”, completa.
Fonte: Brasil 61
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