Fonte: https://www.abief.org.br/ 

Por Liliam Benzi*

Prestes a começar a NPE 2024 (Maio 06-10 – Orlando) e enquanto aconteciam as reuniões do ‘Tratado Global sobre Poluição Plástica da ONU’, no Canadá, a PLASTICS (Associação da Indústria de Plásticos dos EUA) divulgou uma análise oficial do superávit comercial do país e seu impacto em qualquer tratado proposto sobre plásticos.

A autora da análise, a Economista Chefe da PLASTICS, Perc Pineda, alerta: “Uma redução na produção de plásticos pode ter consequências não intencionais, mas com potencial de colocar os trabalhadores da saúde em risco, além de privar os consumidores de baixa renda, em países em desenvolvimento, do acesso a produtos embalados em plásticos.”

Tendo vivido em um país em desenvolvimento, Pineda diz compreender porquê consumidores de baixa renda frequentemente dependem de produtos de uso único. “Para muitos, uma parte significativa da renda é destinada ao consumo de alimentos e moradia. Uma realidade difícil de ser compreendida por indivíduos que vivem em circunstâncias mais avançadas, em países do G7, e que advogam pela redução da produção de plásticos.”

Segundo a economista, é óbvio que o problema não é a produção das embalagens plásticas. Ao contrário, o superávit comercial da indústria de plásticos dos EUA, por exemplo, diz muito sobre os aspectos positivos do uso deste material globalmente.

Pineda lembra ainda que nas recentes reuniões do FMI e do Banco Mundial, o tema central das discussões foi “Garantia: impulsionando bilhões para trilhões”. Foi destacado o papel crucial das exportações em alavancar empregos e o crescimento econômico. Dados preliminares indicam que a indústria de plásticos dos EUA gerou um superávit comercial de US$ 1,1 bilhão em 2023. Enquanto as exportações caíram 7%, chegando a US$ 74,2 bilhões, as importações caíram ainda mais – 16,3%, chegando a US$ 73 bilhões. Este superávit marca uma reversão do déficit de US$ 7,4 bilhões registrado em 2022; um déficit que começou em 2020.

Pineda lembra que a indústria do plástico atua globalmente na promoção do trabalho bem remunerado e no crescimento econômico, contribuindo para reduzir a pobreza mundial. Nos EUA, o setor emprega mais de um milhão de trabalhadores; mundialmente são milhões de empregos que promovem renda, boa saúde e bem-estar. Donde se conclui que erradicar os plásticos não é uma boa ideia!

Diante dos conflitos geopolíticos em curso, também é importante que os críticos repensem o papel dos plásticos na segurança alimentar. O Banco Mundial relata que a insegurança alimentar deve piorar pelo menos até 2027, comprometendo a erradicação da pobreza e da fome até 2030.

Até o final de 2020, mais de 80% das pessoas ativamente inseguras quanto à alimentação residiam em áreas afetadas por conflitos ou fragilidades. Hoje o número é maior, considerando o aumento das áreas que experimentam algum tipo de conflito. Neste contexto, as embalagens plásticas, e as flexíveis em particular, são extremamente eficientes em prolongar a vida útil dos alimentos, além de serem mais leves para transportar e garantirem uma vida de prateleira estendida.

O plástico ganhou ainda mais evidência durante a pandemia da COVID 19, especialmente por sua aplicação em itens hospitalares e de proteção dos profissionais da saúde. Sem dúvida, os itens plásticos usados na área médico-hospitalar, de uso único, foram indispensáveis para prevenir a propagação da doença. Lembrando ainda que muitas das inovações em medicina e cuidados com a saúde foram possíveis graças aos plásticos.

Tratado proposto da ONU pode limitar a escolha do consumidor

Os exemplos acima, de fato, alinham-se aos três primeiros ODSs (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU e ilustram como a indústria de plásticos contribui para o bem-estar econômico dos consumidores. No entanto, é imperativo reconhecer que o princípio subjacente ao tratado global de poluição por plásticos, do Programa Ambiental das Nações Unidas, sugere reduzir a produção de plásticos, o que pode impor restrições à escolha do consumidor.

Pelo exposto acima, reduzir a produção de plásticos poderia colocar os trabalhadores da saúde em risco, além de privar os consumidores do acesso seguro aos mais diversos produtos, principalmente alimentos e medicamentos.

Portanto, antes de embarcar numa histeria coletiva de crítica ao plástico, a sociedade poderia ajudar a indústria a educar seus legisladores sobre as propriedades deste material, enfatizando que plástico não é lixo e sim um resíduo de valor no pós-consumo que pode ser reintegrado à economia a partir de políticas que incentivem a Economia Circular.

*Em tempo: A ABIEF estará na NPE 2024, nos EUA, representada por seu Presidente, Rogério Mani, e alguns diretores e associados que participarão de uma missão comercial encabeçada pelo Serviço Comercial da Embaixada dos EUA no Brasil.

 

*Liliam Benzi é especialista em comunicação, marketing e desenvolvimento de negócios e de estratégias para B2B, com ênfase no setor de embalagens. Também atua como editora de publicações e Assessora de Comunicação de diversas empresas e entidades, entre elas a ABIEF. Foi eleita Profissional do Ano pela Revista Embanews. Também é Press & Communication Officer da WPO (World Packaging Organization – Organização Mundial de Embalagem) e está à frente da LDB Comunicação Empresarial desde 1995 (ldbcom@uol.com.br).