Fonte: https://www.abiplast.org.br 

Segundo estudo da CNI, participação feminina em cargos de gestão na indústria cresceu de 35,7% para 39,1% na última década

A presença feminina na indústria do plástico vem ganhando força nas últimas décadas, impulsionada por políticas de equidade e lideranças inspiradoras que desafiam barreiras históricas. O estudo ‘Mulheres no Mercado de Trabalho’ da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelou que, em 2023, a participação das mulheres em cargos de gestão alcançou 39,1%. Além disso, o crescimento do número de mulheres empregadas na indústria foi três vezes superior ao das demais categorias, atingindo 32,5% nos últimos treze anos.

Entre as ações mais adotadas pelas empresas para reduzir a desigualdade de gênero na indústria, destacam-se a política de paridade salarial (77%), proibição da discriminação de gênero (70%) e programas de qualificação para mulheres (56%). Além disso, iniciativas para estimular a presença feminina em cargos de chefia (42%) e a ampliação da licença-maternidade para seis meses (38%) também figuram como medidas importantes.

No setor de plásticos, há exemplos marcantes de mulheres que vêm transformando a realidade industrial e criando novas oportunidades. Maria da Conceição Rebouças Duarte Tavares, presidente do Sindicato da Indústria de Material e Laminados Plásticos do Rio Grande do Norte (Sindiplast-RN), considerada uma das figuras mais respeitadas no setor, familiarmente chamada de Dona Conceição, ela tem sido uma voz ativa na defesa da inclusão das mulheres na indústria e na promoção de iniciativas voltadas para o fortalecimento do setor plástico no Brasil. “Ser mulher e estar à frente de uma indústria há 40 anos é realmente um desafio grande, haja vista que esse segmento até hoje permanece muito masculino. Atualmente o cenário já melhorou bastante, onde temos muitas mulheres em cargos de liderança, porém ainda existe a desigualdade salarial baseada no gênero. A própria FIESP mostra em dados recentes que a paridade salarial entre homens e mulheres só ocorrerá em 2035”, afirma a presidente do Sindicato no Rio Grande do Norte.

“Eu me sinto muito honrada por ter me destacado no setor plástico. Com isso, abri portas para outras colegas também ocuparem cargos de destaque. Diria que não é fácil, temos que trabalhar muito mais que o homem para mostrar que somos boas no que fazemos, infelizmente ainda é assim. Portanto, meu conselho é que estabeleçam metas, estudem muito, e se especializem”, argumenta Conceição.

Outro nome relevância no setor é Ivana Serpre Braga, presidente do Conselho de Gestão e Competitividade na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) e do Sindicato das Indústrias de Material Plástico de Minas Gerais (SIMPLAST), sua atuação inclui a criação de um setor de reciclagem operado exclusivamente por mulheres, oferecendo trabalho digno e capacitação profissional. “Na fábrica, temos uma área dedicada exclusivamente às mulheres: o setor de reciclagem. Por ser um trabalho manual, essa atividade trouxe dignidade e oportunidades para muitas delas. Lembro que um dos primeiros desafios quando ingressei na área foi a necessidade de construir um banheiro feminino no posto de trabalho, algo que antes não existia. É uma conquista diária”.

Para ela, a principal barreira enfrentada pelas mulheres na indústria ainda é o reconhecimento. “Como mulher, sei que às vezes a sociedade não enxerga nosso valor. No mercado industrial isso é absurdo. Eu falo que toda mulher é muito capaz, que ela não deve se levar pelo ambiente, se ela tem convicção do que quer dizer, da capacidade dela, do ambiente que quer frequentar, ela pode tudo”, enfatiza a executiva.

Ivana também se destaca por sua liderança na realização de feiras do setor de plásticos em Minas Gerais, um feito inédito no estado. Seu trabalho reforça a importância da participação feminina em espaços de decisão e no fomento ao desenvolvimento industrial.

A trajetória dessas líderes evidencia que a presença feminina na indústria do plástico não apenas cresce em números, mas também em impacto e transformação. Com políticas inclusivas e exemplos inspiradores, a participação delas segue conquistando novos espaços e redefinindo o futuro do setor.